O Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) passa a ofertar um procedimento minimamente invasivo para pacientes que necessitam de correção de pectus escavatum e pectus carinatum — conhecidos popularmente como peito de sapateiro e peito de pombo.
A técnica, recém-aperfeiçoada, é o que há de mais moderno no mundo em relação à cirurgia torácica.
Com o novo serviço, a unidade de saúde do Governo de Goiás se torna um dos poucos hospitais do país, e o único de Goiás, na rede pública e privada, a oferecer o procedimento. Se contabilizados somente os materiais necessários, cada uma destas cirurgias têm um custo aproximado de R$ 60 mil.
O pectus excavatum acomete 1,2% da população, e o carinatum, 0,6%. Ambas as deformidades são causadas pelo crescimento anormal das cartilagens do tórax, que pode deslocar o osso do peito para dentro, no caso do excavatum, e para fora, no carinatum.
Correção de peito de pombo
O procedimento, conhecido como reparo minimamente invasivo, é uma cirurgia que introduz barras metálicas para corrigir as deformidades torácicas e substitui a remoção de cartilagens do método Ravitch, feito por meio de um grande corte no peito.
Semelhante aos aparelhos ortodônticos para correção dos dentes, a cirurgia minimamente invasiva reduz o tempo de internação, tem resultado estético melhor, permite um retorno mais rápido às atividades e deixa menos cicatrizes.
Instituto do Coração
Para dar início ao novo procedimento, o HGG contou com o apoio do cirurgião torácico, Miguel Tedde, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMusp).
O médico foi um dos profissionais responsáveis pela pesquisa e pelo desenvolvimento desse novo procedimento. Ele afirma que a técnica é o que há de melhor no tratamento cirúrgico disponível no mundo.
“A cirurgia anterior era uma cirurgia aberta, uma cicatriz grande, ressecava cartilagens e vários dias de hospital. Além disso, nós pedíamos para o paciente não fazer atividade física por três meses, para não ter risco de a barra virar e ter que reoperar. Com o sistema de estabilização desenvolvido, esse prazo abreviou para 30 dias”, explicou.
Além do metal ser mais adequado para próteses implantáveis, a barra corretiva desenvolvida na USP usa um sistema que a impede de girar acidentalmente e reduz a chance de perfurações cardíacas, como detalha Tedde.
“Esse material tem três sistemas diferentes para fixar, sendo que dois deles tornam praticamente impossível que a barra saia do lugar.”
Miguel Angel Corrales, chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do HGG, explica que o novo procedimento foi desenvolvido para crianças e adultos jovens.
“Estamos operando adolescentes de ambos os gêneros, e adultos jovens. À medida que vamos ficando mais velhos, as cartilagens vão calcificando e a flexibilidade do tórax vai diminuindo, quase desaparecendo”, disse.
Ele reforça que o procedimento não é apenas estético: há casos de pacientes que podem ter órgãos comprimidos pelos ossos torácicos.
“O peito afundado, que é o pectus escavatum, ou peito para fora, que é o pectus carinatum, pode comprimir o coração, porque diminui o espaço dentro da caixa torácica. As pesquisas também revelaram que os pacientes podem sofrer profundas alterações psicológicas, já que altera a forma do tórax, gerando casos de discriminação”, avaliou.