
Feminicídios aumentam 10% em Goiás, mesmo com queda nos demais crimes violentos
Apesar da redução nos índices gerais de criminalidade em Goiás durante o primeiro semestre de 2025, os casos de feminicídio seguem em alta e expõem um desafio persistente para as forças de segurança pública. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO), o número de mulheres assassinadas por razões de gênero cresceu 10% no estado, passando de 21 para 23 casos em comparação ao mesmo período de 2024.
O crescimento contrasta com a tendência de queda nos crimes letais intencionais e demais registros de violência. No entanto, em um recorte histórico, o número representa uma queda de 23% em relação a 2018, quando Goiás contabilizou 30 feminicídios.
Medidas de proteção aumentam 30%
Segundo a Polícia Militar de Goiás, o número de acompanhamentos de medidas protetivas de urgência disparou, saltando de 95.260 em 2024 para 125.977 no primeiro semestre deste ano — um aumento de 30%. Os dados refletem a crescente demanda por proteção às mulheres vítimas de violência doméstica.
A Polícia Civil também observou crescimento nas ações de combate à violência de gênero. As Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams) registraram aumento de 21% na instauração de inquéritos policiais, enquanto o número de investigações encaminhadas ao Judiciário com autoria definida subiu 11%.
Crescimento nacional preocupa
O cenário em Goiás acompanha uma tendência nacional preocupante. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no dia 24 de julho, o Brasil registrou 1.492 casos de feminicídio em 2024 — a maior marca da série histórica. A média é de quatro mulheres mortas por dia.
A taxa nacional de feminicídio subiu 0,7% entre 2023 e 2024, alcançando 1,4 por 100 mil mulheres. O aumento acontece mesmo com a queda de 5,4% nas mortes violentas intencionais em geral, o que indica uma trajetória própria da violência de gênero no país.
O perfil das vítimas brasileiras mostra que a maioria era formada por mulheres negras (63,6%) e jovens entre 18 e 44 anos (70,5%). O número de feminicídios entre adolescentes (12 a 17 anos) subiu 30,7%, enquanto o de mulheres com mais de 60 anos cresceu 20,7%.
Mais da metade dos crimes (64,3%) ocorreram dentro de casa. Armas brancas foram utilizadas em 48,4% dos casos. Em 97% dos crimes com autoria identificada, o agressor era do sexo masculino — sendo 60,7% companheiros e 19,1% ex-companheiros das vítimas.
Canais de denúncia
Mulheres em situação de violência podem buscar ajuda em hospitais, postos de saúde, Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), delegacias da mulher, Defensoria Pública, Ministério Público e por meio da Central de Atendimento à Mulher pelo número 180. Também é possível acionar a Polícia Militar pelo 190 ou registrar denúncia no site da Polícia Civil.