Empresários brasileiros e americanos se unem contra tarifa de 50% imposta por Trump

Grupo pressiona por diálogo entre governos e teme prejuízos bilionários para as cadeias produtivas

A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos levou à formação de uma frente empresarial conjunta entre Brasil e EUA. Empresários dos dois países começaram a se articular para pressionar por uma solução diplomática que evite o agravamento da guerra comercial iniciada pelo presidente norte-americano Donald Trump.

Representantes de setores como agronegócio, mineração, siderurgia, farmacêutico e tecnologia veem a taxação como uma ameaça direta à fluidez das relações comerciais e ao equilíbrio das cadeias produtivas globais. A avaliação é de que o “tarifaço” pode gerar prejuízos bilionários tanto para exportadores brasileiros quanto para importadores americanos, além de comprometer empregos nos dois lados.

Unidade e pressão bilateral

Segundo fontes ouvidas pelo jornal O Globo, há um movimento coordenado entre entidades industriais brasileiras e câmaras binacionais de comércio para estabelecer canais diretos com representantes do Congresso americano e com a Casa Branca. O objetivo é mostrar que a medida afeta negativamente empresas dos próprios Estados Unidos, que dependem de insumos brasileiros.

O grupo também articula um documento conjunto a ser entregue aos governos dos dois países pedindo que o conflito seja resolvido por meio de negociações, e não por retaliações comerciais mútuas. O texto deverá destacar os impactos econômicos para ambos os mercados e propor alternativas para preservar a competitividade.

Setores mais afetados

Entre os setores brasileiros mais impactados pela tarifa estão:

  • Agronegócio: especialmente carne bovina, soja e milho;

  • Mineração: com destaque para minério de ferro e nióbio;

  • Indústria de transformação: máquinas, autopeças e eletrônicos;

  • Farmacêutico e químico: exportadores de princípios ativos e medicamentos.

No lado americano, empresas importadoras já manifestaram preocupação com o aumento de preços e a dificuldade de substituição de fornecedores em curto prazo.

Clima político e tensões ideológicas

A medida anunciada por Trump foi justificada como resposta à “perseguição” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe de Estado no Brasil. No entanto, especialistas avaliam que a taxação tem viés político-eleitoral, mirando a base conservadora nos Estados Unidos e buscando enfraquecer governos alinhados à centro-esquerda na América Latina.

Apesar da tensão, o governo brasileiro reiterou o compromisso com o diálogo, mas não descarta recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) caso não haja acordo.