A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos agropecuários brasileiros, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, já causa impactos diretos em Goiás. Frigoríficos instalados no estado começaram a suspender abates e exportações de carne bovina para o mercado norte-americano, alegando inviabilidade econômica para manter os contratos.

Segundo o Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado de Goiás (Sindicarnes), os frigoríficos estão fora das compras de boi para exportação aos EUA nesta semana. Embora os contratos tenham sido firmados com antecedência, a compra dos animais ocorre semanalmente, e a nova tarifa torna a operação financeiramente insustentável.

“O produto está em preparação nas plantas industriais, há cargas a caminho dos portos e até já embarcadas. Se chegarem aos EUA após a vigência da tarifa, o impacto será devastador para a indústria e também para os pecuaristas”, alertou o presidente do sindicato.

Goiás na rota da crise

De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), os Estados Unidos são responsáveis por aproximadamente 25% das exportações de carne bovina goiana. O estado é o terceiro maior exportador do país, atrás apenas de Mato Grosso e São Paulo.

A Seapa afirma que o impacto da medida vai além dos frigoríficos que exportam diretamente para os EUA, pois a sobreoferta de carne nos mercados interno e externo pode causar queda de preços generalizada. Além disso, a cadeia agrícola também pode ser afetada, já que a maior parte da produção de grãos é destinada à alimentação animal.

Setor pede reação e diversificação de mercados

Diante do cenário, o Sindicarnes cobra uma atuação imediata do governo federal para tentar negociar com os EUA. “É preciso preservar a previsibilidade e o respeito aos contratos internacionais”, afirmou o sindicato, pedindo articulação diplomática.

Em nota, o Governo de Goiás destacou que tem buscado alternativas comerciais em outros países. A atual Missão Japão é uma dessas ações, com o objetivo de diversificar os destinos da carne goiana e reduzir a dependência de mercados voláteis.

A situação reforça a necessidade de ampliar parcerias comerciais e garantir segurança jurídica aos exportadores. A partir de 1º de agosto, com a entrada em vigor da tarifa, o setor estima perdas milionárias, com reflexos que podem atingir o emprego e a renda no campo e nas cidades.