A tecnologia de inteligência artificial tem auxiliado os pesquisadores na identificação de um trio de compostos químicos que visam células defeituosas relacionadas a problemas de saúde associados ao envelhecimento, como certos tipos de câncer e doença de Alzheimer. Por meio de um algoritmo, uma biblioteca com mais de 4.300 compostos químicos foi analisada, resultando na identificação de 21 candidatos a medicamentos que podem levar à senescência celular. Esse fenômeno ocorre quando as células defeituosas param de se multiplicar, mas não morrem como deveriam e continuam a liberar substâncias químicas que podem desencadear inflamação. Dentre os 21 candidatos, os cientistas focaram em três compostos – ginkgetin, oleandrin e periplocin – que foram capazes de remover células defeituosas sem prejudicar as saudáveis quando testados em células humanas. A inteligência artificial está se tornando cada vez mais relevante na pesquisa médica e científica, sendo capaz de processar grandes quantidades de dados de forma mais rápida do que um ser humano, auxiliando no diagnóstico e tratamento de doenças. A equipe liderada por pesquisadores da Universidade de Edimburgo relatou que sua tecnologia de aprendizado de máquina resultou em reduções significativas nos custos da triagem de drogas senolíticas eficazes. As drogas senolíticas induzem a morte de células senescentes e melhoram a saúde em humanos. O Dr. Diego Oyarzún, co-autor do estudo, afirmou: “Este estudo demonstra que a inteligência artificial pode ser incrivelmente eficaz na identificação de novos candidatos a medicamentos, especialmente nas fases iniciais da descoberta de medicamentos e para doenças com biologia complexa ou poucos alvos moleculares conhecidos.” A senescência celular ocorre em uma ampla gama de condições de saúde relacionadas ao envelhecimento, incluindo declínio da visão, osteoartrite, fibrose pulmonar idiopática, certos tipos de câncer, doença de Alzheimer e aterosclerose, uma condição cardiovascular em que placas se acumulam nas artérias. A senescência celular é um indicador do envelhecimento do sistema imunológico. Esse estado do ciclo celular impede o crescimento e replicação das células, mas elas também não morrem naturalmente por um processo chamado apoptose. Como resultado, as células senescentes permanecem ativas no corpo e liberam substâncias prejudiciais que podem causar inflamação e danos às células saudáveis próximas, de forma semelhante a como um pedaço de melão mofado contamina toda a salada de frutas. Acredita-se que a senescência celular tenha um efeito supressor sobre tumores devido à interrupção na replicação das células. No entanto, também pode promover o desenvolvimento do câncer ao alterar o ambiente ao redor da célula. Os pesquisadores afirmaram: “Além do seu papel no câncer e envelhecimento, o programa senescente tem sido associado a efeitos adversos em uma ampla variedade de condições, incluindo osteoporose, osteoartrite, fibrose pulmonar, infecção por SARS-CoV-2, esteatose hepática e neurodegeneração.” Até o momento, apenas uma terapia, a combinação de Dasatinibe e Quercetina, demonstrou em ensaios clínicos a redução do volume de células senescentes em camundongos. Dentre os três compostos identificados pelos pesquisadores como capazes de eliminar células senescentes, a oleandrina se mostrou mais potente que os glicosídeos cardíacos, que compõem a família de drogas senolíticas com melhor desempenho. Esses três compostos identificados no estudo, publicado na revista Nature Communications, são produtos naturais encontrados em medicamentos fitoterápicos tradicionais. A Dra. Vanessa Smer-Barreto, co-autora, afirmou: “Este trabalho foi resultado de uma colaboração intensa entre cientistas de dados, químicos e biólogos. Aproveitando as habilidades dessa mistura interdisciplinar, fomos capazes de desenvolver modelos robustos e reduzir custos de triagem usando apenas dados publicados para treinamento dos modelos. Espero que esse trabalho abra novas oportunidades para acelerar a aplicação dessa tecnologia empolgante.” Com informações Daily Mail