Milhares se despedem de Santa Teresa de Ávila em rara exibição de seus restos mortais na Espanha

Após mais de um século, os restos mortais de Santa Teresa de Ávila voltaram a ser exibidos publicamente, atraindo quase 100 mil fiéis à pequena cidade de Alba de Tormes, na Espanha. A mística carmelita, morta em 1582, é considerada uma das figuras mais importantes do catolicismo espanhol, e sua última exibição havia ocorrido em 1914.

Durante duas semanas, peregrinos de várias partes do mundo enfrentaram longas filas para ver o crânio da santa, cuidadosamente acomodado em um caixão de prata, vestido com um hábito religioso e protegido por uma redoma de vidro. Na manhã desta segunda-feira (17), o caixão foi fechado e levado em procissão pelas ruas da cidade, acompanhado por orações e cantos religiosos.

A cerimônia teve forte carga emocional. Freiras vindas da Índia choraram diante da urna, enquanto devotos como Gregoria Martín López, de 75 anos, subiram ao altar para se despedir com um beijo simbólico. “A santa é minha fortaleza. Se a fecharem, posso dizer que a vi”, afirmou, emocionada.

Santa Teresa é reconhecida como reformadora da Ordem dos Carmelitas e autora de textos místicos considerados revolucionários para seu tempo. Além do crânio, partes do seu corpo estão espalhadas em igrejas pela Europa, como relíquias: uma mão, o coração, dedos e até a mandíbula são preservados em locais distintos.

A exposição dos restos mortais gerou repercussão também nas redes sociais, com reações que variaram entre devoção e espanto. Especialistas, no entanto, reforçam que o culto às relíquias é parte da tradição cristã. “O corpo bem preservado era considerado um sinal de santidade”, explicou a biógrafa Cathleen Medwick.

A exibição foi encerrada sem previsão de nova abertura. Para muitos fiéis, foi uma oportunidade única de estar mais perto da santa que marcou a história da Igreja.