
Café mais caro? Tarifa de 50% imposta por Trump ao Brasil já impacta mercado global
A nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já provoca efeitos no mercado internacional. Um dos setores mais afetados é o do café: os contratos futuros do arábica, negociados na bolsa Intercontinental Exchange, subiram nesta quinta-feira (11) para US$ 288,67 por libra-peso, com alta de 0,99% no dia. O movimento reforça a instabilidade gerada pela medida e expõe a relevância do Brasil como principal fornecedor da bebida no mundo.
A reação veio logo após Trump divulgar, em sua rede Truth Social, que aplicará a tarifa a partir de 1º de agosto. O anúncio foi acompanhado de críticas ao governo brasileiro e uma defesa explícita do ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Para Trump, as sanções impostas ao aliado são “uma vergonha internacional” e caracterizam “perseguição política”.
A medida repercutiu negativamente nos mercados: o real teve desvalorização de mais de 2% frente ao dólar, e fundos como o MSCI Brazil ETF caíram quase 2% no pós-mercado, segundo a Bloomberg. Para o setor cafeeiro, o impacto é imediato. Analistas apontam que a taxação pode restringir o fluxo de exportações brasileiras para os EUA, maior comprador do café nacional.
A escalada protecionista também ameaça consumidores americanos. De acordo com o presidente do grupo italiano Lavazza, Giuseppe Lavazza, as tarifas devem elevar os preços finais da bebida nos Estados Unidos. “É inevitável que isso seja repassado ao consumidor”, disse ele ao Financial Times.
Com cerca de 40% da colheita de 2025 já concluída no Brasil — abaixo dos 52% no mesmo período do ano passado —, a expectativa era de um recuo nos preços com o avanço da produção. No entanto, a tarifa virou o jogo: traders agora preveem um cenário de menor oferta no mercado americano e maior pressão inflacionária sobre os produtos derivados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil deve reagir com medidas de reciprocidade, conforme previsto em lei sancionada este ano. Já economistas como Paul Krugman classificaram a decisão de Trump como “diabólica” e sem fundamento econômico.
A depender dos desdobramentos da crise, o impacto poderá ir além do café, afetando setores como siderurgia, agronegócio e indústria de base, ampliando a tensão comercial entre os dois países.