
O dólar cai, a bolsa oscila — e seguimos reféns das decisões alheias
O dólar fechou em queda nesta sexta-feira (15), a bolsa de valores se manteve estável e o mercado respirou com alívio. Mas por que mesmo? Não houve nenhuma grande mudança no cenário interno. Na verdade, o movimento positivo teve origem em conversas entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin sobre a guerra na Ucrânia e na expectativa de que o banco central dos EUA reduza os juros em setembro.
Mais uma vez, o Brasil parece um espectador de sua própria economia. A moeda brasileira se valorizou não por um fator doméstico, mas por erros ou acertos de outros. O real acumula valorização de mais de 12% no ano, mas isso se dá em grande parte pela fragilidade momentânea do dólar no cenário internacional.
Enquanto isso, o índice Ibovespa, mesmo com as incertezas do dia, fechou estável. O destaque ficou por conta do Banco do Brasil, que, mesmo com uma queda de 40% no lucro, viu suas ações subirem. O motivo? Os resultados ficaram dentro do esperado — e, em tempos de instabilidade, o “previsível” já é comemorado como vitória.
Esse tipo de reação diz muito sobre como funcionamos. Quando o mercado se movimenta apenas a partir do que acontece fora, é sinal de que ainda falta protagonismo. De que nossa economia ainda não é suficientemente robusta para ditar o próprio ritmo. Vivemos na expectativa dos juros norte-americanos, da diplomacia entre potências estrangeiras, da leitura de analistas de Wall Street.
Não há dúvidas de que o Brasil possui fundamentos sólidos em várias áreas, mas o problema é estrutural. A economia brasileira precisa de autonomia, planejamento interno e menos dependência de fatores externos. Caso contrário, toda boa notícia será apenas um alívio temporário — e não uma conquista duradoura.