Após tarifaço, Brasil prepara medidas equilibradas para todos os setores afetados

O ministro da Fazenda, em entrevista a jornalistas na porta da sede do Ministério da Fazenda, na manhã desta quinta (31/7), afirmou que o Governo Federal prepara medidas de proteção aos empregos e de auxílio às empresas, do setor industrial e agrícola, e que as ações devem ser anunciadas “nos próximos dias”.

Fernando Haddad afirmou que o plano de contingência já estava desenhado, prevendo diversos cenários que o tarifaço trumpista pudesse causar, e que neste momento está sendo adaptado à verdadeira dimensão do decreto emitido nos Estados Unidos.

“Agora nós vamos calibrar, à luz do que foi anunciado ontem, para que aconteça o mais rápido possível”, disse. Segundo ele , serão medidas de proteção à indústria, aos empregos, e ao agro também. “Os atos [que formalizam as medidas] estão sendo preparados pela Fazenda e vão para a Casa Civil”, disse.

Questionado pelos jornalistas, Haddad afirmou que o Governo pretende dar tratamento equilibrado a todos os setores afetados pelo tarifaço, independentemente do tamanho que cada um representa na pauta de exportações. “Estamos analisando pelo efeito em cada segmento, não pelo tamanho. A cada um segundo a sua necessidade”.

Negociações continuam

Assim como em nota oficial emitida ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não comemorou o fato de o tarifaço ter poupado aproximadamente 700 produtos brasileiros das sanções – um evidente recuo de Donald Trump em relação a suas primeiras ameaças -, o ministro da Fazenda foi cauteloso e destacou que nenhuma das medidas deveria ter sido tomada pelo governo estadunidense.

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“Foi mais favorável do que se imaginava”, ponderou Haddad. Mas, segundo ele, o decreto trumpista não é visto como um ponto final no conflito. “É um ponto de partida para novas negociações. Vamos recorrer dessas decisões no sentido de sensibilizar {o governo dos Estados Unidos]. Isso não interessa, não apenas ao Brasil, mas à América do Sul”, argumentou o ministro, evocando a integração econômica do continente ao mercado norte-americano. “Temos que buscar integração, e essa atitude [de Trump] nos afasta”.

 

Para Haddad, o trabalho dos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços já mostra resultados. “Nos últimos dias havia maior sensibilidade [dos Estados Unidos]”, avaliou. Segundo o ministro, as negociações “vão se aprofundar” e os resultados podem ser melhores. “Vai exigir muita negociação. Mas, se o bom senso prevalecer, chegaremos do outro lado são e salvos”.

O ministro avalia que a próxima etapa de negociação deve ser “mais sóbria, menos apaixonada”, o que inclui argumentar com o governo estadunidense como funciona o Poder Judiciário brasileiro. Haddad acrescentou que o Brasil é signatário de todas as convenções da ONU que tratam de direitos humanos e que, caso Trump queira debater essas questões, deveria recorrer às instâncias multilaterais, como a própria ONU.

Uma das principais razões apresentadas por Trump para o tarifaço é sua discordância com o processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente Lula e ministros de seu Governo têm insistido que o Judiciário brasileiro é independente, e que essa condição é pilar dos preceitos democráticos. Se atacado, a própria democracia é atacada, assim como a soberania nacional.

Agência Gov