Lula ganha apoio após enfrentar tarifas de Trump e defender justiça tributária, aponta pesquisa Genial/Quaest
A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16/7) mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuperou parte de sua popularidade após adotar postura firme contra a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos e intensificar o discurso em defesa da taxação dos super-ricos. De acordo com o levantamento, a aprovação ao governo subiu de 40% para 43%, enquanto a desaprovação caiu de 57% para 53%.
O avanço mais expressivo foi registrado no Sudeste, região que concentra a maior parte das exportações brasileiras para os EUA. Eleitores de classe média, com maior escolaridade, mulheres e adultos de meia-idade foram os grupos em que Lula mais cresceu. Segundo o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, “essa parcela da população percebe impacto direto da tarifa americana e vê Lula reagindo com firmeza e equilíbrio”.
A pesquisa também revela que 75% dos entrevistados apoiam a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Além disso, 60% defendem a taxação de super-ricos, enquanto 53% não concordam com o discurso de polarização entre ricos e pobres. A maioria, no entanto, vê nas medidas uma tentativa de corrigir desigualdades estruturais do sistema tributário brasileiro.
O impacto da carta do ex-presidente americano Donald Trump, que acusou o Brasil de perseguir Jair Bolsonaro, também foi medido. Para 72% dos entrevistados, Trump está errado em suas alegações, e 57% acreditam que ele não tem legitimidade para questionar o Judiciário brasileiro. Ainda segundo a pesquisa, 66% disseram estar informados sobre a carta publicada pelo republicano.
Com relação ao conflito comercial, 84% acreditam que governo e oposição devem trabalhar juntos para proteger a economia brasileira dos efeitos da nova tarifa, e 79% afirmam que a medida americana afetará diretamente suas vidas.
O levantamento foi realizado com 2.004 eleitores entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Especialistas apontam que os resultados indicam um possível ponto de inflexão para o governo Lula, que vinha enfrentando queda de popularidade desde o segundo semestre de 2024.